Ao contrário do que muitos pensam, o sucesso de uma carteira de
investimentos é construído à base da consistência, e não de uma
inteligência absurda capaz de levar à escolha dos melhores investimentos
possíveis. Obviamente, quem é capaz de escolher “a dedo” seus
investimentos de modo a garantir uma boa rentabilidade sai na frente —
mas, se não houver consistência, nem essa grande vantagem será de muita
serventia para o futuro financeiro. Consistência… esse é o grande
segredo.
Você já assistiu a uma maratona? Eu não sou um esportista, mas já
acompanhei algumas provas de atletismo – e algo que sempre me chamou a
atenção foi a estratégia utilizada pelos atletas. Em uma corrida de
curta distância, não tem jeito: ganha quem consegue disparar logo à
frente dos rivais. Como são provas curtas, ganha quem tem mais explosão.
Resistência conta pouco nessas provas, porque elas duram muito pouco,
apenas alguns segundos.
Para vencer uma prova mais longa, como uma corrida de São Silvestre
ou uma maratona, é preciso algo mais. Normalmente, os corredores que
“disparam” logo nos primeiros quilômetros de prova são aqueles que, da
metade em diante, se cansarão e serão ultrapassados pelos verdadeiros
competidores. Quem sai vitorioso de uma prova dessas não o corredor mais
rápido, mas aquele que consegue manter um ritmo constante de prova que,
embora não apresente o maior pico de velocidade, no fim das contas
consegue gerar a maior velocidade média.
No fundo, isso
não acontece apenas na maratona: uma corrida automobilística na maior
parte das vezes é vencida pelo carro mais constante, e não pelo que tem
os maiores picos de velocidade. Muitas vezes, os pilotos excessivamente
rápidos desgastam tanto o carro e os pneus que acabam não conseguindo
manter uma boa média ao final da prova.
No mundo dos investimentos ocorre o mesmo. A cada ano, as notícias
narram as performances de fundos de investimento que se saíram melhor
que os demais. E invariavelmente, entre um ano e outro, há uma “troca de
cadeiras”. Um fundo que apresentou uma rentabilidade absurda em um ano
acaba obtendo uma performance medíocre no ano seguinte. E um fundo que
“mandou mal” no primeiro ano pode acabar assumindo a ponta no ano
seguinte. A estratégia que foi excepcional em um ano dá com os burros
n’água no outro. Às vezes, um fundo que opera excessivamente com
derivativos obtém uma rentabilidade absurdamente alta em um ano e, no
seguinte, quebra. Vida que segue.
Quem ganha mesmo muito, muito dinheiro com investimentos não é quem
obtém uma rentabilidade absurda no curto prazo. O segredo é a
consistência: obter uma rentabilidade mediana, mas consistente, ao longo
de vários anos seguintes.
Fonte: Fabio Portela
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