A rentabilidade mais baixa não fez a caderneta de poupança deixar de ser a aplicação
 preferida do brasileiro. No primeiro semestre, a captação de 12,5 
bilhões de reais foi 33% maior que o valor captado pela poupança em todo
 o ano passado. Para quem quer preservar o patrimônio da inflação com 
algum ganho real ou até mesmo enriquecer, será certamente necessário 
buscar outros tipos de investimentos. Mas isso não significa que a 
poupança deva ser demonizada e a sua conta encerrada. Mesmo para quem 
busca maiores rendimentos, a caderneta pode ser bem útil em algumas 
situações.
	1. Para objetivos de curto prazo
	Com a Selic a 8% ao ano, a caderneta de poupança é definitivamente a 
aplicação conservadora mais vantajosa para qualquer objetivo em um 
horizonte de seis meses, ganhando do Tesouro Direto, dos CDBs de grandes
 bancos e dos fundos DI disponíveis à pessoa física – mesmo aqueles com 
taxas de administração baixas. Uma rentabilidade ligeiramente maior que a
 poupança pode ser encontrada em CDBs pós-fixados de bancos médios que 
rendam 100% do CDI com liquidez diária.
	Ou seja, se você está juntando dinheiro para comprar um tablet ou fazer
 uma viagem curta, a poupança será seu melhor instrumento. Até para um 
horizonte de 12 meses a poupança é vantajosa pela sua praticidade. 
Outras aplicações igualmente seguras e líquidas terão uma rentabilidade 
apenas levemente maior nesse prazo, em função da cobrança de IR sobre os
 rendimentos, da qual a poupança está isenta. Assim, até para planejar 
suas férias no fim do ano a caderneta será uma boa opção.
	2. Para juntar dinheiro para investimentos mais caros
	Para quem deseja buscar mais rentabilidade em outros tipos de 
investimento, mas tem pouca capacidade de poupança mensal, a caderneta é
 um excelente instrumento para literalmente juntar dinheiro. Isso 
porque, para algumas aplicações, quanto mais dinheiro você puder 
investir de uma só vez, menores serão os seus custos. É o caso do 
investimento direto em ações, dos fundos de investimento de todo tipo, 
dos CDBs de grandes bancos e dos fundos imobiliários.
	No primeiro caso, os lotes-padrão de ações ou de cotas de ETF (fundos 
atrelados a índices e com cotas negociadas em Bolsa) muitas vezes 
demandam o investimento de alguns milhares de reais. Existe hoje a 
possibilidade de comprar lotes fracionários, mas para André Massaro, 
especialista em finanças pessoais da consultoria MoneyFit, isso não é 
recomendável.
“O mercado fracionário tem menos liquidez, o que faz com que os preços 
dos papéis oscilem mais do que no mercado de lotes-padrão. Fora o custo.
 Enquanto algumas corretoras oferecem taxas de corretagem mais baixas 
para esse mercado, outras cobram um valor fixo, o que impacta 
negativamente na rentabilidade”, diz Massaro.
	No caso dos fundos de investimento, os fundos com taxas de 
administração mais competitivas geralmente requerem aportes iniciais 
maiores, de alguns milhares de reais, além de movimentações mensais 
também mais elevadas. Se para você não é trivial obter 5.000 ou 10.000 
reais para aplicar em um bom fundo de ações ou de renda fixa com taxa em
 conta, a poupança é um bom instrumento de acumulação para atingir o 
valor necessário, com a vantagem do jurinho extra.
	Os fundos imobiliários, negociados em Bolsa ou mercado de balcão, têm 
um problema parecido. Embora seja possível comprar apenas uma cota 
desses fundos, elas podem custar mais de 1.000 reais em alguns casos. No
 caso de uma oferta pública de cotas, há número mínimo de cotas para 
subscrição, o que pode exigir investimentos ainda maiores.
	Na renda fixa, nem sempre há essa necessidade de aportes maiores. Ela é
 mais comum para obter boas taxas nos fundos de investimento e uma 
rentabilidade maior em CDBs de grandes bancos, que muitas vezes 
condicionam a rentabilidade ao valor investido. Em CDBs de bancos médios
 não existe essa diferenciação de rentabilidade por aporte, assim como 
no Tesouro Direto, cujo investimento mínimo é de 10% do valor de um 
título, o que muitas vezes não chega a 100 reais.
	Lembre-se ainda de que os custos fixos sobre aportes de baixo valor são
 mais pesados. Se você é obrigado a pagar um DOC ou um TED para 
transferir seus recursos do banco para a sua corretora, esse valor 
pesará muito se a quantia for baixa, mais será diluído se ela for mais 
alta. Existe a possibilidade de optar por um pacote de tarifas com 
isenção desse custo, ou mesmo por uma corretora que aceite depósito via 
boleto bancário. Leia mais sobre o impacto desses custos sobre o seu 
investimento.
	3. Para a educação financeira dos filhos
	De acordo com a educadora financeira Cássia D’Aquino, a caderneta de 
poupança deve ser o primeiro investimento de toda criança. Por ser um 
produto de fácil entendimento, ela pode ser apresentada aos pequenos já a
 partir dos dez anos de idade. Mas a poupança aberta em nome da criança 
para que ela mesma faça as movimentações deve ser diferente do 
investimento que os pais fazem para o futuro dos filhos.
	“Eu recomendo aos pais que abram uma caderneta de poupança para que os 
filhos invistam as sobras da mesada e do dinheiro que recebem de 
presente para já aprender a poupar para alcançar seus objetivos de curto
 prazo. Os pais podem visitar o banco com a criança periodicamente e 
apresentá-la ao gerente, para que ela entenda desde cedo como as coisas 
funcionam”, aconselha Cássia.
4. Para o seu “colchão” de emergência
	É recomendável que todo mundo, seja abastado ou dono de ganhos 
modestos, tenha uma reserva de emergência de alta liquidez suficiente 
para bancar suas despesas por um período de três meses a um ano e meio, 
dependendo do quão confortável a pessoa quiser se sentir. Esse fundo 
servirá para gastos em caso de desemprego ou qualquer eventualidade na 
família, como um problema de saúde grave.
	O chamado “colchão” financeiro deve estar em alguma aplicação segura e 
altamente líquida. É claro que a poupança não é a única. Os títulos do 
Tesouro mais conservadores (as Letras Financeiras do Tesouro – LFT), os 
fundos DI e os CDBs também podem ser utilizados com essa finalidade. No 
caso dos títulos públicos, porém, o investidor deve manter em mente que 
só é possível vendê-los às quartas-feiras, o que pode atrapalhar um 
pouco o planejamento. De qualquer forma, o objetivo dessa reserva não é 
render, mas garantir a capacidade de sustento do investidor caso o pior 
aconteça.
	5. Para os desorganizados começarem a poupar
	Finalmente, a caderneta de poupança é o instrumento ideal para as 
pessoas menos organizadas começarem a pôr suas finanças em ordem. A boa e
 velha poupança é o instrumento ideal para aprender a poupar para fazer 
compras mais caras à vista ou mesmo juntar o primeiro pé de meia para 
investir em produtos mais sofisticados.
	Após quitadas eventuais dívidas e feito o planejamento financeiro, 
deve-se começar a separar até 10% da renda mensal para destinar à 
poupança. Pode-se começar com apenas 1% e ir aumentando a quantia de 
ponto percentual em ponto percentual até atingir os 10% recomendados 
para quem está começando. O dinheiro deve ser o primeiro a sair da conta
 todo mês, e não as sobras. Se a sua conta poupança for atrelada à sua 
conta corrente, pode ser possível programar uma reserva mensal 
automática diretamente no caixa eletrônico, para não esquecer.
Fonte: Portal exame. 
 
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