A educação financeira pode ser dividida em duas partes: uma
comportamental, onde o indivíduo se sensibiliza da necessidade de
assumir o controle financeiro e passa a gastar com consciência; e a
outra técnica, onde ele passa a buscar por informações financeiras
desejando conhecer as diversas modalidades disponíveis no mercado.
Elas costumam caminhar juntas, a conscientização da necessidade de
controlar os gastos faz a pessoa paralelamente buscar mais informações
sobre investimentos.
Porém a etapa comportamental é a mais difícil, renunciar o consumo é
tarefa árdua. A mídia nos incentiva a gastar a todo o momento e ainda
faz a gente pensar que a felicidade é medida pelo consumo. Uma dica é
ver menos TV e assim ficar menos exposto às propagandas. Outra é ter e
manter atualizado um fluxo de caixa controlando receitas e despesas. O
fluxo de caixa é uma ferramenta que irá registrar as entradas de
receitas e as saídas, as despesas. Ela está na parte técnica da educação
financeira, mas é a comportamental que garante a eficácia em seu uso.
De nada adianta ter um fluxo de caixa e se esquecer de registrar os
gastos, ou ainda ter a ciência que as despesas estão sendo maiores que
as receitas e não tomar uma atitude de corte dos supérfluos.
Muitos acreditam ser a parte técnica a mais difícil quando na verdade
é a comportamental. Ela exige mudança de paradigma e renuncia de
consumo, enquanto a parte técnica exige a busca da informação, leitura e
aprendizado. Na mudança comportamental se está remando contra a maré:
todos consomem de forma compulsiva e sem controle e você passa a fazer
exatamente o contrário. Já a parte técnica, de busca de informação e
leitura, é incentivada; todos incentivam a busca do conhecimento e você
não será visto como um ET quando estiver fazendo isto. Mas veja que
incoerência, busca-se o conhecimento, mas para coloca-lo em prática
sofremos resistência até mesmo daqueles que nos incentivam a busca-lo.
Parece que o brasileiro se acostumou a ter dívidas. Se em conversa
com amigos você diz que não tem boleto nenhum a pagar, pois não financia
produtos e compra somente à vista após se planejar, economizar,
investir e perfazer o dinheiro para realizar a compra, você é visto como
diferente. E este diferente não é no sentido positivo. Até
acredito que no fundo eles admirem tal comportamento, mas não confessam.
Quando um amigo diz: Comprei um carro. Na verdade ele está dizendo que
financiou um carro em longas e suaves prestações a perder de vista.
A literatura sobre educação financeira é muito focada na parte
técnica e tem pouco enfoque na comportamental. Também pouco se fala do
consome desenfreado como escape para problemas pessoais. Muitos vão ao
shopping gastar quando estão tristes. Este tipo de ação, quando é
praticada uma vez ou outra tudo bem, mas quando o problema é latente, na
minha visão, pode ser considerado uma doença psicológica. Algumas
pessoas possuem dezenas de sapatos que nunca foram usados, mas foram
comprados num momento de frustração e tristeza, e que para sanar a
angustia ela foi às compras.
Ainda existem aqueles que curam frustrações comendo. Errado da mesma maneira. Todos nós temos momentos de alegria e tristeza, assim é a vida. Em
momentos de tristeza, ao invés de focar o consumo, que tal reverter essa
energia para uma atividade física ou em outra que lhe gere benefícios e
não malefícios? #fica a dica.
O aprendizado técnico não garante a mudança comportamental. O nosso
comportamento em relação ao dinheiro tem que ser monitorado
constantemente, ainda mais que o marketing apelativo busca influenciar a
todos no sentido oposto: nos gastos motivados pela emoção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário