Contar com profissionais para auxiliar na administração dos investimentos pessoais pode ser muito útil. Mas, para isso, é preciso buscar os profissionais mais adequados aos seus objetivos e ao seu perfil - investidor conservador ou iniciante, investidor moderado e investidor agressivo ou experiente.
Veja a seguir quais são os profissionais mais indicados para cada
perfil de investidor e como eles podem favorecer seus planos
financeiros.
1) Planejador financeiro
Para dar início aos investimentos, fazer uma boa avaliação sobre a
situação financeira e entender os conceitos básicos de finanças, um dos
profissionais mais indicados são os planejadores financeiros, também
chamados de consultores financeiros.
O planejador pode dar um panorama dos investimentos existentes e
apresentar quais seriam os produtos mais indicados para o cliente no
momento, de acordo com os recursos disponíveis. Ele também pode auxiliar
em questões pontuais, como a negociação de uma dívida, a compra de um
imóvel, uma viagem ou até ajudar a buscar advogados, contadores e outros
profissionais especialistas.
Um planejador pode trabalhar como autônomo ou em uma instituição
financeira. Para os investidores iniciantes, o ideal é buscar um
consultor que tenha um perfil mais didático para que o cliente possa
entender claramente como funcionam os produtos financeiros.
André Massaro, especialista em finanças pessoais da MoneyFit., explica
que muitos clientes encontram seus consultores por indicação. “É
possível pesquisar os consultores na internet, observando seu histórico e
o tipo de serviço prestado. Mas, a maioria dos clientes encontra os
consultores por indicação porque o componente confiança é muito
importante neste caso”.
Uma outra medida para avaliar se o profissional é qualificado é
observar se ele possui a certificação CFP® (Certified Financial Planer),
garantida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros (IBCPF). Os profissionais que possuem o CFP®, além de passar
por um processo de avaliação do IBCPF, precisam se manter atualizados,
participando de cursos, escrevendo livros e artigos para não perder a
certificação.
A marca CFP® pertence ao Financial Planning Standards Board Ltd.,
organização internacional que atua na área de finanças e uma das
principais referências no setor. A lista dos planejadores certificados
pode ser encontrada no site da IBCPF.
Segundo Massaro, os valores cobrados pelos serviços dos planejadores
pode variar muito. “Para dar uma ordem de grandeza, muito genericamente,
pode-se dizer que uma boa hora de consultoria pode ter o mesmo valor de
uma consulta com um bom médico: varia entre 200 e 500 reais. Mas, pode
custar mais dependendo da reputação do profissional”, afirma.
2) Gerente de banco
Outro profissional muito consultado por quem quer começar um
planejamento financeiro é o gerente do banco. Ele também pode passar
orientações sobre os investimentos mais indicados e ajudar na
organização financeira. Seus principais méritos ficam por conta de o
gerente ser um profissional bastante acessível – ter uma conta no banco é
o suficiente para marcar uma conversa com o gerente sobre investimentos
- e a consultoria não é cobrada.
Porém, é preciso um cuidado especial para que o aconselhamento não seja
vantajoso apenas para o gerente e não para o cliente. Isto porque, em
primeiro lugar, o gerente pode não ter conhecimentos tão aprofundados
sobre os produtos financeiros. Como os investimentos trazem lucros, mas
não são a principal fonte de receitas dos bancos, a oferta destes
serviços não é prioridade como são as operações de crédito.
Além disso, os gerentes precisam cumprir metas vendendo alguns produtos específicos, como os títulos de capitalização, que são péssimos como investimentos. E alguns bancos podem cobrar taxas que não seriam cobradas em corretoras, como para investir em papéis do Tesouro Direto.
Investidores moderados
1) Analistas de valores mobiliários
Os investidores que já têm alguma noção sobre aplicações e um maior
nível de organização financeira, mas não sabem como fazer um
investimento em ações ou como escolher um fundo de investimento adequado
aos seus objetivos, podem recorrer aos analistas de valores
mobiliários.
O analista é o profissional que trabalha para uma corretora, uma
gestora de recursos ou outra instituição financeira. Ele atua elaborando
recomendações, relatórios de acompanhamento e estudos sobre produtos
financeiros, mas deixa que o cliente tome suas próprias decisões. Isto
é, ele passa uma ampla orientação sobre os investimentos, mas não
aconselha o cliente a comprar uma determinada ação, por exemplo.
Os analistas de valores mobiliários podem atuar apenas
internamente (buy side), fazendo relatórios e avaliações internas para
as instituições financeiras, atuação que não exige uma certificação. Ou
pode atuar divulgando suas opiniões para o público e prestando serviços a
clientes (sell side).
O analista sell side deve ser credenciado na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM). Para isso ele precisa obter o Certificado Nacional do
Profissional de Investimento (CNPI), emitido pela APIMEC – Associação
dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais.
Assim como o CFP®, para obter a certificação é necessário passar por um
processo de avaliação. Para pesquisar os profissionais que detêm essa
certificação basta entrar no site da CVM e clicar no item "Participantes de Mercado", no pé da página.
André Massaro explica que o analista não cobra a consultoria ao
cliente. “As corretoras recebem pelas taxas de administração que cobram
nos fundos de investimentos e pela corretagem de ações”. Justamente por
isso, o cliente deve ficar atento para que o cliente não seja
prejudicado por um conflito de interesses. “Os analistas podem instruir o
cliente a investir em um fundo que tenha uma taxa de administração mais
alta ou induzi-lo a comprar e vender ações com mais frequência para
ganhar mais com a taxa de corretagem”, ressalta Massaro.
2) Consultor de valores mobiliários
Diferentemente do analista, o consultor de valores mobiliários faz
recomendações diretas sobre compra e venda de quotas de fundos, ações,
debêntures ou outros papéis e não é vinculado a corretoras e outras
instuições. Ele recebe sua remuneração diretamente do cliente. Por isso,
ele oferece uma orientação mais independente do que o analista, que tem
vínculos com a instituição financeira.
No mais, o consultor de valores mobiliários tem uma função parecida com
o analista, na medida em que foca sua atuação na avaliação dos produtos
financeiros, passa sua visão ao cliente - ainda que de forma mais
direta -, mas deixa que ele tome suas próprias decisões.
O consultor também precisa ser credenciado pela CVM para atuar como
tal, mas as exigências para a certificação são mais complexas. Além de
possuir comprovada experiência em atuação no mercado de valores
mobiliários, ele deve atender às exigências da CVM para ocupação de
cargos de diretoria em sociedades corretoras e distribuidoras. Para
pesquisar os profissionais que detêm essa certificação basta entrar no site da CVM e clicar no item "Participantes de Mercado", no pé da página.
O único "contra" do consultor de valores mobiliários é o valor cobrado
pelo serviço. Como a consultoria é bastante personalizada, o preço pode
ser mais salgado do que o cobrado por um planejador financeiro, por
exemplo.
Investidores agressivos, experientes e/ou com grande volume de patrimônio
1) Administrador de carteira de valores mobiliários
Este profissional é o mais especializado na gestão de investimentos e
fornece um tratamento ultrapersonalizado ao cliente, podendo inclusive
administrar um fundo exclusivo para um único investidor. Pela alta
personalização do serviço, é o profissional mais indicado para
investidores que precisam administrar grandes patrimônios.
Também é exigida deste profissional uma certificação da CVM. E o
processo para obtenção do certificado é como o do consultor de valores
mobiliários, ou seja, é necessário ter experiência comprovada na área.
Estes profissionais oferecem serviço de consultoria e gestão
patrimonial, pessoal ou familiar, com o objetivo de perpetuação do
patrimônio e também de realização do planejamento sucessório. Eles
costumam atuar dentro de duas estruturas: o Private Bank (private),
voltado a clientes com investimentos superiores a um milhão de reais e o
Family Office (family), para patrimônios de cinco a 10 milhões de
reais.
Os Private Banks são oferecidos por bancos de varejo e de
investimentos. Neste tipo de consultoria, executivos e altos gerentes
dos bancos analisam a carteira de investimentos atual dos clientes e
entendem as aspirações financeiras deles até o final da vida. É como um
atendimento personalizado que o cliente recebe por deixar sua fortuna
nas aplicações daquele banco. Nos private banks os bancos também exigem
que algumas metas sejam cumpridas pelos administradores. Assim, alguns
produtos podem ser oferecidos aos clientes por trazer mais comissão ao
banco, sem que sejam a melhor opção de investimento para o cliente.
Já as Family Offices funcionam de forma independente, por isso buscam
indicar ao cliente os melhores produtos disponíveis no mercado, sem
ficarem presas às ofertas de serviços dos próprios bancos. “Os Private
Banks são feitos por bancos e por isso indicam produtos próprios das
instituições aos clientes. No Family Office nós não temos produtos
próprios, por isso temos mais liberdade para orientar o cliente”, afirma
José Eduardo Martins, sócio-fundador da GPS/Pulsar, consultoria
especializada em Family Offices, que possui mais de 12 bilhões de ativos
sob gestão.
Dependendo do tamanho do patrimônio, os administradores podem atender a
uma única família ou a mais de uma. Quando é montado um escritório para
administrar um único patrimônio, a estrutura é chamada de "Single
Family Office" e quando o administrador atende a mais de um cliente,
então a estrutura é chamada de "Multi Family Office".
Os valores cobrados pelo serviço também variam de acordo com o tamanho
do patrimônio do cliente. Segundo Martins, é cobrado pelo Family Office
um percentual sobre o valor do patrimônio administrado. “Na GPS nós
cobramos de 0,3% a 1% ao ano de todo o recurso do cliente que é
administrado. E quanto maior o patrimônio, menor é o percentual
cobrado”.
2) Planejador financeiro (sofisticado)
O investidor mais experiente e/ou com perfil mais agressivo, que tem um
conhecimento avançado sobre os investimentos, mas não necessariamente
possui um patrimônio acima de um milhão de reais, pode recorrer a um
planejador financeiro. Porém, diferentemente do investidor iniciante,
neste caso deve-se buscar um planejador mais sofisticado. “Neste ponto, o
investidor já tem um conhecimento mais avançado e precisará de
orientações mais qualificadas. Então, o ideal é buscar um profissional
com mais reputação no mercado. Ele pode cobrar um valor mais alto, mas
oferecerá também uma consultoria mais refinada” orienta André Massaro.
Fonte: Portal exame.
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