Ficar sem uma fonte de renda é complicado, ainda mais quando isso não 
estava nos planos, como no caso de uma demissão. Para passar por esse 
período de seca financeira, é preciso fazer um planejamento de forma que
 o dinheiro recebido na rescisão contratual consiga durar até você 
encontrar um novo emprego. Cortar passeios e gastos supérfluos é uma boa
 forma de manter suas finanças equilibradas e fugir do endividamento, 
afirmam especialistas.
Graziele Cabral de Almeida, de 30 anos, sabe bem o que é isso. Ao ser 
demitida, em abril deste ano, precisou fazer as contas para se adaptar à
 nova situação. Mãe de Melissa, de um ano e oito meses, Graziele conta 
que o marido, Márcio, que trabalha em uma empresa de peças para 
motocicletas, precisou arranjar um “bico” como segurança à noite para 
poder manter a casa.
“Ainda estou me estabelecendo. Recebo agora em setembro a última 
parcela do seguro-desemprego, e estamos tendo que nos adaptar à nova 
situação”, afirma. Para ser bem-sucedida nessa tarefa, segundo Liao Yu 
Chieh, professor de Finanças do Insper, Graziele tem que fazer um raio-x
 de suas finanças. “A primeira coisa a fazer é mapear as despesas 
recorrentes, ou seja, quais os gastos que a pessoa faz por mês”, 
explica.
O levantamento deve incluir conta de luz, despesas com 
combustível, impostos como IPVA e IPTU, aluguel, TV a cabo, entre 
outros. “Depois, deve-se calcular os gastos eventuais que a pessoa tem, 
seja com roupas, restaurantes, lazer ou mesmo multa de trânsito. Com 
isso, vai conseguir saber com mais clareza onde cortar”, completa o 
especialista.
Essa análise é importante porque a primeira coisa que 
acontece quando alguém fica desempregado é a queda do padrão de vida. 
“Quando se está desempregado, deixou de haver uma fonte de receita, 
então é preciso reavaliar o padrão, redefini-lo de forma temporária”, 
ressalta Liao Yu Chieh.
              Planeje-se
            
A seguir, faça contas. “É preciso pegar o dinheiro que 
recebeu e verificar quanto que isso representa para pagar as despesas, 
para saber quantos meses vai conseguir subsistir com o valor antes de 
gastá-lo”, explica Dora Ramos, da Fharos Consultoria.
“É preciso reduzir a velocidade com que o dinheiro está 
indo para o ralo. Importa menos quanto você ganha e mais quanto você 
consegue poupar”, afirma, por sua vez, Isaac Pinski, diretor da Pinski 
Consultoria. Segundo ele, quem está desempregado tem adaptar sua rotina à
 nova situação. “Não é questão de deixar de se divertir, por exemplo, 
mas sim de descobrir passeios gratuitos. Vá a parques, não é só de 
baladas que se faz o lazer”, completa.
No caso de Graziele, ela conta que usou o dinheiro do 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para fazer reformas em sua 
casa e para adiantar duas parcelas do financiamento do carro. “Também 
cortei passeios de fim de semana, e roupas agora só para a Melissa”, 
conta. Ela manteve o plano de saúde para a filha, enquanto o marido já 
conta com o dele, enquanto Graziele precisa recorrer ao Sistema Único de
 Saúde (SUS) caso tenha alguma emergência.
E se você quer pedir demissão, planeje-se antes para 
enfrentar o período durante o qual ficará sem fonte de renda. “É preciso
 deixar de três a quatro salários guardados em algum fundo ou poupança. 
Isso dá uma folga confortável para o trabalhador conseguir se recolocar 
em outra empresa ou abrir um negócio”, destaca Thiago Pessoa, 
coordenador do site Investmania.
Procure quitar os cartões de crédito e outros 
financiamentos que podem acarretar dívidas. “Não tenha dívidas no 
momento da demissão. Quite tudo, o financiamento do veículo ou da casa, 
antecipe parcelas ou guarde um dinheiro para pagar as parcelas”, afirma 
Pessoa. Se não houver esse tipo de planejamento, a pessoa pode ficar 
tentada a aceitar um trabalho que pague menos só para quitar as dívidas,
 alerta o especialista.
              Vale a pena aplicar o dinheiro?
            
Os especialistas advertem: muita gente recebe o dinheiro 
da rescisão e sai gastando. Não é o caso. “Você não pode pegar o valor 
que ganhou e achar que está rico”, brinca Pessoa. Por outro lado, você 
pode, sim, pegar parte da grana e investi-la. Mas seja conservador. “Não
 tem lugar melhor que a poupança para aplicar o valor. Se você optar 
pelo Tesouro Direto, terá até um rendimento bacana, mas há a incidência 
do imposto de renda, de até 27,5%, se você quiser resgatar em até seis 
meses”, explica Pessoa.
Considere também que a aplicação tem que ter liquidez, ou
 seja, ser fácil de resgatar quando você tiver necessidade de usar o 
dinheiro. “É diferente você pegar o dinheiro e aplicar em ações. Se você
 precisar, pode se dar bem ou mal, dependendo do comportamento do 
papel”, lembra o professor Liao Yu Chieh.
Fonte: IG 
 
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