Não há dúvida que os bancos de varejo têm um papel importante 
para a economia de um país. Eles prestam serviços financeiros relevantes
 para o dia-a-dia das pessoas físicas e jurídicas.
Entre os serviços, destacam-se o recebimento de depósitos à vista, as
 transferências de recursos (DOCs e TEDs) e a concessão de empréstimos e
 financiamentos.
No entanto, os bancos de varejo não são o local mais indicado para pedir aconselhamentos de investimentos.
O motivo é muito simples, um bom gerente de banco, como qualquer bom 
empregado, visa aumentar o lucro da instituição em que trabalha.
Com um excelente poder de persuasão e convencimento, faz indicações 
de produtos que proporcionam, na maioria dos casos, baixíssima 
rentabilidade para o cliente e elevada lucratividade para o banco.
Assim sendo, os gerentes podem, no final das contas, prestar assessoria de investimentos totalmente parcial.
Conforme dados da consultoria Bain&Company, nos mercados 
consolidados, as pessoas já possuem mais informação e, em vista disso, 
já abandonaram os bancos de varejo para realização de investimentos.
Nos EUA, por exemplo, 92% dos investimentos são realizados fora dos 
bancos de varejo. Os bancos de investimentos possuem 32% da fatia do 
mercado e as corretoras e agentes de investimentos independentes contam 
com 60%.
No Brasil, mercado não consolidado, os investimentos ainda são 
feitos, em grande medida, nos bancos de varejo. Talvez esta seja uma das
 principais razões para os bancos de varejo operarem com tanto alento em
 nosso país.
Tome Cuidado: Os produtos mais sugeridos e distribuídos pelos gerentes de banco são:
-os fundos de investimento com altas taxas de administração;
-os planos de previdência privada com elevadas taxas de administração e carregamento;
-a nova caderneta de poupança;
-os CDBs com remuneração ínfima, muito abaixo do certificado de deposito interbancário (CDI);
-os títulos de capitalização.
A seguir, a título de ilustração, os produtos que devem ser evitados apesar de comumente sugeridos pelos gerentes de banco.
1)  Fundos de Investimento Referenciado DI e Renda Fixa
Esses produtos investem basicamente em títulos públicos federais e 
títulos privados de baixo risco. As taxas de administração desses fundos
 são muitas vezes superiores a 2% a.a. Esses fundos, em função das altas
 taxas de administração, rendem abaixo da inflação, ou seja, nem sequer 
repõem a perda do poder de compra da moeda. Existem fundos com liquidez e
 risco estritamente iguais, que cobram taxa média de administração de 
0,5% a.a. Entretanto, o gerente dificilmente oferece.
2)  Fundo de Previdência Privada/Renda Fixa
Esse produto investe em títulos de renda fixa das mais variada 
espécies. Cobra, em média, 2% de taxa de administração e 3% de taxa de 
carregamento. O investidor, em função das altas taxas, fica com um 
rendimento próximo a zero. Esse tipo de serviço, não deveria ter taxas 
acima de 1% para administração e 0% para carregamento.
3)  CDB
Esse produto é emitido pelos bancos para captar recursos. Alguns 
bancos chegam a remunerar o cliente com uma taxa de 85% do CDI. A taxa 
justa deveria ser próxima a 100% do CDI, pois o CDI representa o custo 
do empréstimo interbancário.
4)    Título de Capitalização
Esse produto é, na verdade, uma forma de loteria. A rentabilidade é 
inferior à poupança. Mas a ideia de participar de sorteios de valores 
elevados agrada muitos clientes. No entanto, a probabilidade de o 
cliente ser sorteado é remota. Por vezes menores que da loteria federal.
Lembre-se que o gerente nada mais é que um vendedor que ganha 
comissões na medida em que maximiza o lucro da instituição em que 
trabalha. Portanto, pode ter uma prioridade divergente da do cliente.
Bancos, assim como qualquer outra instituição com fins lucrativos, 
tende a ganhar cada vez mais na medida em que houver desinformação e 
ausência de conhecimento de seus clientes.
Se você pretende conhecer melhor os produtos financeiros procure 
informações em lugares imparciais como livros, revistas especializadas, 
jornais, cursos, palestras e web sites.
Este post foi uma extensão da 
análise publicada no caderno “Mercado” da Folha de São Paulo, no 22 de 
outubro de 2012 do . Esta versão possui parceria com Alex Del Giglio que
 é graduado em economia pela USP com extensão em finanças pela ESC 
Bordeaux e mestre em Administração pela FGV. Responsável pela área 
educacional da Prime Finance Investimentos AAI Ltda com sede em Manaus.
Fonte: Folha uol.
 
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