Depois das férias coletivas (para alguns), o 13º salário
 está no topo da lista das pequenas alegrias de fim de ano. Seja para 
quem está com a corda no pescoço e precisa de um alívio imediato, para 
os que planejam as compras de Natal, ou mesmo para os poupadores, que 
vibram a cada chance de engordar o pé de meia, o salário extra é sempre 
bem-vindo.
 Entretanto, há quem reclame – e talvez seja o seu caso – que o 13º mal 
chega e já vira fumaça, sobrando apenas aquela sensação de que o 
dinheiro poderia ter sido mais bem usado. Se sua promessa de ano novo em
 2012 foi cuidar melhor do orçamento, ainda dá tempo de cumprir o voto, 
pelo menos no que se refere ao 13º.
 O consultor financeiro Mauro Calil e o professor de finanças da 
Fundação Getúlio Vargas Samy Dana dão cinco dicas para quem vai receber o
 benefício, que é pago em duas etapas, metade até o último dia útil de 
novembro e o restante até 20 de dezembro. Com elas, é possível começar 
2013 mais abonado ou pelo menos mais tranquilo.
 1 Pague as dívidas
 Segundo Calil, a primeira lição da cartilha do 13º é usá-lo para se 
livrar das dívidas, se elas existirem. 
“Pague tudo, ou a maior parte 
delas, essa é a prioridade”, afirma o consultor. Segundo Dana, da FGV, 
essa dica será especialmente útil neste ano. “O endividamento do 
brasileiro está muito alto, a maior parte das pessoas vai usar o 13º 
para quitar essas pendências”, diz.
 Para Dana, as dívidas com cartão de crédito e cheque especial são as 
que devem ser quitadas o mais rápido possível, porque esses são os juros
 mais altos do mercado. “Temos visto as taxas caírem bastante, mas elas 
ainda são muito altas.”
 2 Reserve uma parte para as contas do começo do ano
 Muitas despesas são previsíveis. A maior parte delas aparece no começo 
do ano: IPVA, matrícula e mensalidade da escola dos filhos, material 
escolar, IPTU, dentre outras. Calil diz que é importante fazer uma 
estimativa do tamanho dessas dívidas e guardar uma parte do 13º para o 
pagamento.
 O professor da FGV Samy Dana lembra que há chances de um reajuste no 
preço da gasolina ainda em 2012, ou no começo de 2013, além da provável 
alta nas tarifas do transporte público e do reajuste de mensalidades nas
 escolas. “É bom estar preparado para isso”, diz.
 3 Engorde a cesta de Natal
 Se sobrou dinheiro após pagar as dívidas e garantir o pagamento das 
contas de começo de ano, a dica, segundo Calil, é dar-se o luxo de 
alguns prazeres, como fazer uma ceia de Natal mais completa e comprar 
presentes. “Procure, porém, não gastar tudo e separe uma parte para 
investir”, orienta o consultor.
 Já Samy Dana recomenda que os consumidores fiquem alertas ao 
parcelamento de compras que, ainda que os vendedores não confessem nem 
sob tortura, quase sempre embutem uma taxa de juros. Além disso, muito 
cuidado com as promoções de Natal. “Depois do saldão de Natal, tem o do 
começo do ano, quando o consumidor pode fechar negócios ainda melhores.”
 4 Pense no seu futuro
 As dívidas estão pagas e você fez uma economia ao longo do ano para as 
compras de Natal e as despesas de janeiro, fevereiro e março? Parabéns. 
Além de ser um caso raro, você também está em uma situação razoavelmente
 confortável. Nesse caso, Calil recomenda que o 13º seja totalmente 
investido. De acordo com o consultor, “isso faz com que haja uma folga 
orçamentária ainda maior para o próximo ano”, afirma.
 As melhores opções, para Samy Dana, são as aplicações de renda fixa. 
“Para quem vai investir menos de R$ 100 mil, indico títulos do tesouro 
indexados ao IPCA, que é o índice de inflação oficial do governo.” 
Segundo ele, embora a rentabilidade desses papéis não seja mais tão 
atrativa com a queda dos juros, o investidor tem seu poder de compra 
preservado, já que o papel corrige ao menos o aumento da inflação.
 O papel mais indicado por Dana são as NTN série B de prazos mais 
curtos, além dos CDBs de bancos grandes, que podem render perto de 100% 
do CDI. “Quem quiser aplicar nesses papéis tem que pensar em um 
investimento acima de um ano, pelo menos, para fugir das alíquotas 
maiores do Imposto de Renda”. 
Sobre o rendimento de aplicações de até 
seis meses incide uma alíquota de IR de 22,5%. De seis meses a um ano, o
 percentual cai para 20%. Entre um ano e dois, o imposto é de 17,5% e 
acima de dois anos, 15%.
 5 Desligue a televisão
 É difícil encontrar alguém que seja totalmente imune aos apelos 
sedutores dos saldões de fim de ano, as promoções de Natal e as queimas 
de estoque. “Fique de olho”, diz Dana. “As promoções seduzem e fazem 
muitos caírem na armadilha das compras mal planejadas.”
Segundo Dana, o melhor é ter em mente quais são as reais necessidades da
 casa, da família e as pessoais, ignorando os demais apelos. “Sempre 
vale a pena pensar se aquilo que estou comprando é realmente útil”, diz o
 professor.
 6 Bônus: escolhas e renúncias
 Segundo o consultor Mauro Calil, a cada ano muitos eventos se repetem, 
como o pagamento do 13º, as compras de Natal, os aniversários de filhos e
 do cônjuge, as férias. Para essas despesas recorrentes e, portanto, 
previsíveis, melhor seria fazer, ao longo do ano, uma economia 
proposital.
 A sugestão é “separar o dinheiro de um cafezinho por dia e destinar 
para as contas recorrentes, ou a viagem de férias, ou as compras de 
Natal”. “Quando chegar a hora, não será preciso recorrer a mais nada, o 
dinheiro estará lá, reservado”, afirma Calil.
 Aos menos controlados, Calil faz um convite à reflexão. “Tem gente que 
confunde consumismo com alegria de viver, pensando ‘se não posso 
consumir, sou infeliz’”. Para ele, “quem se move por impulso, na 
verdade, é movido por alguém, por propagandas, e vira massa de manobra”.
 O conselho final do consultor é “tenha grandes objetivos”. Cada escolha
 de consumo que se faz implica, automaticamente, na renúncia de uma 
poupança. “Muitas vezes as pessoas se permitem ter ‘pequenas 
recompensas’ de consumo depois de um dia difícil de trabalho, mas essas 
pequenas recompensas levam a conquistas também pequenas no futuro.”
Fonte: Exame
 
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