Taxa de câmbio e Exportações


 
Ao reduzir a taxa de juros, o BC diminui
 o diferencial da taxa de juros doméstica com a mundial. Ao reduzir a 
taxa real de juros, portanto, o apetite estrangeiro por títulos da 
dívida brasileira diminui. Consequentemente, com menos dólares entrando 
no Brasil para comprar títulos públicos, o apetite por reais também cai,
 e a moeda nacional se desvaloriza.
Com a redução da Selic o governo também 
esperava desvalorizar o real, já que julgava, assim como a maioria dos 
economistas, que o real estava valorizado. Esta valorização estaria 
prejudicando as exportações brasileiras, principalmente a de 
manufaturados. Assim, através da taxa de câmbio, o governo esperava que 
as exportações fossem outro fator de crescimento para o PIB brasileiro.

O primeiro gráfico mostra que o governo 
foi bem sucedido ao tentar desvalorizar o real. Atualmente a taxa de 
câmbio flutua entre 2,0 e 2,1 R$/US$ e a expectativa é que continue 
assim durante 2012 e 2013, favorecendo os exportadores brasileiros.
No entanto, o segundo gráfico mostra que
 as exportações brasileiras estão em queda livre. As exportações 
brasileiras de bens, de janeiro a outubro deste ano, se comparadas com o
 mesmo período do ano anterior, caíram 4,61%.
Alguém poderia argumentar que as 
exportações caíram por causa da crise mundial, e não havia nada que o 
governo poderia fazer, outros países também sofrerão. No entanto, como o
 gráfico a seguir mostra, o desempenho das exportações brasileiras neste
 ano será muito pior do que aquele de economias desenvolvidas que 
sofreram com a crise do subprime, nos EUA, e com a crise do Euro.

Portanto, o que fica 
evidenciado é que não se pode culpar apenas o cenário econômico global 
pelo desempenho fraco das exportações brasileiras, que crescerão menos 
do que o esperado para as economias emergentes. Existem outros problemas
 estruturais (como infra-estrutura precária, educação de baixa qualidade
 e altos impostos) que afetam o desempenho das exportações e não podem 
ser mascarados através da manipulação da taxa de juros e da taxa de 
câmbio. Se o governo não focar em resolvê-los, o Brasil continuará a 
depender de uma alta na cotação das commodities para aumentar as suas 
exportações.
Esta versão possui parceria com 
Daniel de Lima e Leonardo de Siqueira Lima , graduandos pela EESP-FGV, e
 é uma extensão do texto publicado no jornal Perfil Econômico.
Fonte: Folhauol 
 
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