O juro baixo da economia, mantido no patamar de 7,25% ao ano na
última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
na semana passada, reacende o alerta nas aplicações de renda fixa.
No
caso dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), especialistas
calculam que a aplicação não vale a pena caso remunere o investidor em
menos de 90% do CDI. Para conseguir tal retorno, há duas alternativas:
alongar o tempo de investimento ou aplicar uma quantia maior e tentar
negociar com o gerente.
"Dentro da renda fixa, o investidor tem de procurar aplicações que
estejam o mais próximo possível de 7,25% ao ano. A taxa de 90% do CDI é
um divisor de águas no caso dos CDBs quando comparados à poupança",
afirma a superintendente de investimentos do Santander, Sinara
Polycarpo. A poupança é livre de Imposto de Renda, lembra a
especialista. No caso dos CDBs, do rendimento obtido no banco ainda deve
ser descontado o imposto, que varia de 15% a 22,5%, dependendo do tempo
de aplicação.
"A poupança está rendendo 70% da Selic. Com um rendimento no CDB de
pelo menos 90% do CDI, geralmente muito próximo à Selic, você desconta
um IR de em média 20% e irá empatar com a caderneta", calcula Sinara. O
economista José Dutra Vieira Sobrinho concorda e faz um alerta: "Nunca a
situação dos investidores foi tão apertada. Se descontar a inflação,
ele pode não ganhar nada em termos de poder aquisitivo".
Em 12 meses, caso o juro permanecesse no mesmo patamar, a poupança
renderia 5,07% e o CDB que paga 90% do CDI, 5,38%, já descontado o
imposto, calcula Vieira Sobrinho. Levando em consideração uma inflação
próxima a 5%, o ganho seria ínfimo. "Acho interessante a pessoa tentar
taxas maiores no CDB em vez de ficar na poupança, por conta da inflação.
A poupança acaba sendo uma aplicação para o pequeno investidor, com R$
100, R$ 500, mas já com R$ 2 mil, R$ 5 mil é possível conseguir uma taxa
de 94%, dependendo do prazo", diz o professor da Fipecafi, Celso Grisi.
Para conseguir tal taxa, um dos caminhos é alongar o investimento, já
que muitos bancos trabalham com CDBs escalonados. O retorno aumenta
conforme o tempo de permanência. No Santander, o CDB Recompensa para
quantias de R$ 1 mil começa em 80% do CDI e chega a 100% após três anos.
A segunda opção é tentar negociar no banco. "Além de a remuneração
aumentar com o tempo, privilegiamos clientes que concentram os recursos
na instituição", diz Sinara.
"O que eu não aconselho é ir para bancos menores, em que as taxas costumam ser maiores. O risco é uma barreira muito forte e acaba penalizando o pequeno investidor", aconselha Grisi. Em caso de falência do banco, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ressarce até R$ 70 mil do investimento. Apesar disso, para Grisi, a taxa maior não vale o risco.
Poupança. A comparação da aplicação com a caderneta
de poupança é válida por esta ser considerada o investimento mais seguro
no mercado. "É o investimento mais conhecido, líquido e com maior
segurança. Em última instância, eu aplico o dinheiro na poupança, caso a
taxa oferecida nos demais investimentos sejam baixas. Só vou sair de lá
se a outra modalidade oferecer um retorno significativamente maior",
diz Vieira Sobrinho, da Fipecafi.
Com o rendimento no mercado em geral tão baixo, não à toa a poupança
tem batido recorde de captação todos os meses. Em outubro, foram R$ 3,2
bilhões, acumulando captação líquida de R$ 36,4 bilhões no ano, as
maiores para esses períodos em toda a séria histórica. "Tenho a
impressão de que, com a queda do juro, o investidor tomou para si o
pensamento de que não há nada de interessante no mercado e só aplica na
poupança. É importante comparar e a dica dos 90% do CDI é um bom
parâmetro", diz Sinara.
No caso dos fundos, a manutenção da Selic fez com que as carteiras
com taxa de administração abaixo de 1% ficassem mais competitivas.
Fonte: Estadão
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