A angústia causada por dificuldades financeiras e pelo endividamento 
pode levar muita gente a agir por impulso e piorar sua situação. Pessoas
 fragilizadas são alvos fáceis para golpistas e podem acreditar em 
promessas mirabolantes, envolver a família de forma errada e transformar
 as dívidas em verdadeiras bolas de neve. Para voltar ao azul, é 
essencial trilhar as estratégias certas. Veja abaixo os principais erros
 cometidos por quem está em dificuldades financeiras:
 1. Deixar de pagar contas e impostos essenciais
 De acordo com Antonio de Julio, especialista em finanças pessoais da 
consultoria MoneyFit, sua experiência com pessoas em dificuldades 
financeiras mostra que um dos primeiros erros de pessoas nesta situação é
 deixar de pagar despesas como contas de água e luz, além de seguro 
saúde, seguro do carro e IPVA.
 Ele lembra, no entanto, que no caso das contas de consumo, o não 
pagamento não apenas pode resultar no corte de um serviço essencial como
 também em multas que se acumulam e só tornam a dívida pior. Já em 
relação aos seguros e ao IPVA, em caso de roubo ou acidente de carro, ou
 mesmo de um problema de saúde, o prejuízo das despesas resultantes será
 muito maior.
 A alternativa: Reduza o consumo de água e luz e corte apenas despesas 
realmente não prioritárias, como celular pós-pago (você pode mudar para o
 pré-pago, por exemplo), TV a cabo, lavagem do carro em lava-rápidos e, é
 claro, lazer. “Se a situação estiver ruim, é a lei seca mesmo. Faça o 
máximo de coisas em casa e ponha a família para participar. Muita gente 
tem medo de contar à família que a situação financeira está ruim, por 
sentir como se fosse um fracasso. Mas não é, não falar pode ser muito 
pior”, diz Antonio de Julio.
 2. Usar as linhas de crédito mais rápidas e fáceis oferecidas pelo banco
 As linhas de crédito campeãs da inadimplência também são perfeitas para
 agravar a situação dos endividados: rotativo do cartão de crédito e 
cheque especial não só são os empréstimos mais caros como são facílimos 
de usar e ótimos para tornar a dívida uma bola de neve. No mês de julho,
 a taxa de juros média cobrada nos cartões de crédito chegava a 10,69% 
ao mês ou 238,30% ao ano; já o cheque especial custava 8,26% ao mês e 
153,8% ao ano.
 Além disso, não caia na armadilha de sacar ou pagar contas pelo cartão 
de crédito, pois esses serviços são tarifados. E não pague apenas o 
mínimo da fatura do cartão. Ao fazer isso, o restante da dívida continua
 sendo rolado para os próximos meses e sofrendo a ação dos juros; seu 
limite, por sua vez, será restabelecido, permitindo que você gaste ainda
 mais. Se você não tem como pagar, simplesmente não pague nada. A dívida
 continuará sofrendo a ação dos juros, mas ao menos seu limite não será 
restabelecido, impedindo novas despesas.
 A alternativa: Renegocie suas dívidas no seu banco. Dívidas altas no 
cartão de crédito e no cheque especial podem ser unificadas e trocadas 
por linhas de crédito mais longas e com juros menores, como empréstimo 
consignado (com desconto em folha de pagamento), empréstimo pessoal, 
penhor de joias (na Caixa), ou mesmo empréstimos com o seu carro ou casa
 como garantia. Renegociar a dívida em outra agência que não seja a sua 
pode ser uma boa estratégia, uma vez que os gerentes competem entre si. 
Caso consiga taxas de juros menores em outra instituição financeira, 
você pode até mesmo migrar sua dívida para outro banco sem custo. Veja como funciona a portabilidade de crédito.
 3. Manter investimentos e bens enquanto se afunda em dívidas altas
 Há aqueles que, mesmo endividados até o pescoço permanecem com dinheiro
 na poupança ou outras aplicações financeiras. Contudo, empréstimos 
costumam ter juros maiores do a rentabilidade dos investimentos, 
principalmente quando se fala de poupança ou renda fixa conservadora. 
Mesmo quem não tem aplicações financeiras muitas vezes tem um imóvel, 
carro ou outro bem que poderia ser vendido para quitar a dívida.
 Alternativas: Quem estiver com dívidas altas e dificuldade de pagá-las 
apenas com os rendimentos deve considerar, antes de tudo, se desfazer 
das aplicações financeiras para quitá-las. “A prioridade deve ser quitar
 a dívida, e apenas depois se deve repor o que foi desinvestido, em uma 
espécie de reembolso a si mesmo”, diz Antonio de Julio. Caso o dinheiro 
investido não seja suficiente e nem a renegociação da dívida dê jeito, 
considere vender o carro ou a casa, trocando-os por opções mais baratas 
(ou, no caso do carro, ficando a pé mesmo por um tempo).
 4. Pôr seus bens em risco
 Quem precisa quitar dívidas de alguns milhares de reais pode vender a 
casa ou o carro, ou mesmo hipotecá-los em busca de juros mais baixos. 
Mas há quem se apresse e acabe piorando a situação. Não faça empréstimos
 com bens em garantia nem os venda se você acha que ainda assim pode não
 ter capacidade de acabar com o débito ou pelo menos reduzi-lo 
substancialmente. Do contrário, você pode perder o bem e ficar com a 
dívida – ou vendê-lo e se endividar novamente.
 A alternativa: trocar a dívida cara por uma que tenha carro ou imóvel 
como garantia será interessante para quem souber que pode honrar o 
compromisso nessas novas condições. “Se a situação de dificuldade 
financeira é fruto de um tropeço, esta pode ser uma solução. Agora, se a
 pessoa é perdulária, está desempregada há muito tempo, queimou tudo que
 recebeu de herança ou está sempre se endividando para pôr em prática 
ideias mirabolantes que só dão prejuízo, melhor tomar cuidado com esse 
tipo de empréstimo”, diz Antonio de Julio. O mesmo vale para a venda de 
bens.
 5. Arriscar o pouco que tem em “tacadas de mestre”
 Outro erro bastante comum aos angustiados é aplicar os poucos recursos 
que têm em “grandes negócios” para conseguir retornos altos rapidamente.
 Alguns vão para a Bolsa e tentam operar ações no curto prazo; outros 
vão para o mercado futuro e tentam operar derivativos. Há ainda aqueles 
que caem na lábia de golpistas que prometem rentabilidade alta e 
definida em investimentos mirabolantes.
 “Jamais entre na Bolsa visando o curto prazo, principalmente se você é 
inexperiente”, observa Antonio de Julio. Em relação aos derivativos, o 
especialista faz outro alerta: “Nessas operações, você pode acabar 
perdendo mais do que investiu e ficar devendo”. Em relação aos 
investimentos mirabolantes que prometem altas rentabilidades, fuja 
deles. Não acredite em promessas de rentabilidade, pois nenhuma 
aplicação altamente rentável pode, de fato, prometer retornos definidos,
 especialmente quando se trata de investimentos em empresas ou em renda 
variável.
 A alternativa: Invista apenas quando estiver livre de dívidas. Enquanto
 a situação financeira está apertada, destine todo dinheiro que entrar 
ao pagamento do débito. Ao investir, procure apenas instituições e 
profissionais certificados, e não se apresse: busque informação e 
aconselhamento profissional e leia sempre sobre os fatores de risco de 
cada aplicação.
 6. Pedir dinheiro a parentes, amigos e até estranhos
 Dependendo da relação familiar, da amizade e do valor envolvido, pedir 
dinheiro emprestado a parentes e amigos pode ser muito melhor do que 
renegociar uma dívida. Em geral, esse tipo de empréstimo não envolve a 
cobrança de juros – até porque, na realidade não é lícito cobrar juro 
quando não se tem autorização do Banco Central – e a relação de 
confiança pode tornar a situação mais segura e confortável para o 
devedor.
 No entanto, empréstimo entre pessoas conhecidas é geralmente 
desaconselhado por especialistas em finanças, uma vez que a relação de 
confiança pode ser fortemente abalada, junto com os laços familiares e 
de amizade.
 Em relação a aceitar empréstimos de desconhecidos, Antonio de Julio é 
enfático: “Jamais peça empréstimo a fontes não reconhecidas pelo Banco 
Central. E isso vale não apenas para parentes e amigos, mas também para 
agiotas e instituições não reconhecidas, com promessas boas demais para 
ser verdade, como ‘empresto dinheiro a pessoas negativadas’ ou ‘sem 
consulta ao SPC ou Serasa’”, diz.
 A alternativa: Se precisar pedir dinheiro emprestado, renegociar 
dívidas ou fazer a portabilidade de um financiamento, recorra sempre a 
instituições financeiras reconhecidas pelo Banco Central, venda bens e 
resgate aplicações financeiras. Só peça dinheiro emprestado a parentes e
 amigos se tiver um plano para quitar a dívida de fato, e faça um contrato, para resguardar seu credor e ratificar seu compromisso. E não se esqueça de declarar o empréstimo ao Leão, ainda que seja informal.
 7. Aceitar empregos que parecem negócios imperdíveis
 Quem está desempregado, ou mesmo infeliz com o trabalho, pode acabar 
caindo no papo de falsos headhunters que prometem dinheiro fácil ou 
mesmo uma sociedade lucrativa mediante o pagamento de uma comissão. 
“Verdadeiros headhunters não são remunerados dessa forma. Eles são pagos
 pela empresa que os contrata para buscar os profissionais no mercado”, 
explica Antonio de Julio.
 Mesmo promessas legítimas de uma segunda fonte de renda podem ter 
resultados desastrosos. Um exemplo são as empresas que trabalham com 
sistema de marketing multinível, em que os vendedores ganham um 
percentual sobre o que as pessoas indicadas por eles vendem. Esse tipo 
de negócio requer um investimento inicial que pode não ser recuperado 
caso as vendas do vendedor ou das pessoas que ele indicou não sejam 
suficientes. Dado o risco, esse tipo de trabalho é pouco indicado para 
quem está com a corda no pescoço.
 A alternativa: Na busca de uma segunda fonte de renda, aproveite seus 
talentos, paixões e conhecimentos técnicos para ganhar dinheiro extra 
sem precisar de um alto investimento inicial. Veja como buscar uma segunda fonte de renda e como ganhar mais dinheiro com o que você já sabe.
 8. Acreditar em promessas de “limpar o nome” sem pagar a dívida
 Estranhos que prometem “salvar sua vida” no momento de dificuldade financeira quase sempre são golpistas. Um golpe bastante comum é a promessa de “limpar o nome” sem precisar quitar a dívida, mediante remuneração ou a compra de material que orienta sobre como fazê-lo.
 A alternativa: A única forma de “limpar o nome” é por meio da 
renegociação da dívida com o credor, o que pode ser feito por intermédio
 de uma entidade de defesa do consumidor. São apenas negociadas novas 
condições, como prazo ou taxa de juros, mas o pagamento da dívida 
continua necessário. Qualquer promessa de “limpar o nome” sem pagar é 
golpe.
Fonte: portal exame 
 
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