O governo publicou ontem no Diário Oficial decreto, assinado pela 
presidente Dilma Roussef, que estabelece as regras que permitem a 
classificação de consumidores a partir de sua capacidade de pagamento de
 dívida, conhecido com cadastro positivo. As medidas abrem caminho para 
que os bureaux de crédito Experian, Boa Vista Serviços e Equifax passem a
 criar históricos de pagamentos feitos por consumidores, o que era 
proibido pelas regras antigas. A regulamentação do cadastro positivo 
coincide com a pressão feita pelo governo para que bancos reduzam os 
juros cobrados de clientes após a redução do juro básico para a mínima 
histórica de 7,25%.
“O grande benefício é que você pode cobrar menos dos 
melhores clientes e mais dos piores”, disse Érico Ferreira, presidente 
da Acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, 
Financiamento e Investimento. “Agora vai dar para cobrar taxas mais 
justas.”
“Os consumidores vão fazer questão de participar do 
cadastro positivo”, diz Dorival Dourado, presidente da Boa Vista 
Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito 
(SCPC).
Para o presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro, a
 procura já é alta. “Temos recebido muitas pessoas interessadas. Até 
agora cerca de 400 mil se cadastraram voluntariamente.”
              Críticas
            
Os críticos da medida apontam que o cadastro acabará se 
tornando uma exigência a mais para obter empréstimos, e que os 
consumidores que não aderirem terão que pagar juros muito altos.
“Se o cliente for um bom pagador ele terá condições de 
evidenciar isso. O que vai acontecer é que as empresas poderão trabalhar
 melhor”, afirma Loureiro.
Pelo decreto, as empresas que possuam o sistema devem ter
 patrimônio líquido mínimo de R$ 20 milhões, além de adotar regras de 
governança, como a disponibilização mensal de desempenho econômico e 
financeiro.
O decreto não trouxe surpresas em relação ao já esperado 
pelas empresas. “A lei é do ano passado, e em tese o cadastro está apto a
 ser operado. Mas existiam questões complementares que agora foram 
esclarecidas”, diz Dourado.
A expectativa é que a difusão do cadastro funcione como 
um incentivo para evitar a inadimplência. “O Brasil era o único país do 
G-20 sem um cadastro positivo. Em outros países, esse mecanismo aumentou
 muito a segurança no crédito e reduziu a inadimplência entre 20% e 
30%”, diz Dourado.
Em relação ao crédito, a medida vem em momento oportuno, 
em que os bancos enfrentam maior competitividade e se veem forçados a 
rebaixar os juros.
“Hoje estamos vendo os bancos tentando ser mais seletivos
 no crédito. A diferença é que agora eles terão uma infraestrutura para 
isso”, diz Loureiro.
O decreto também inclui normas para elevar a segurança do
 sistema, e será obrigatória uma certificação técnica emitida por 
auditoria independente, a cada dois anos, que ateste a qualidade da 
plataforma para manter o sigilo dos dados.
O governo publicou o decreto ontem no Diário Oficial - a 
lei foi sancionada em junho do ano passado, após anos de tramitação. A 
lei autoriza empresas a criarem banco de dados com histórico de bons 
pagadores, incluindo o desempenho dos consumidores em crédito, 
parcelamentos e prestadores de serviço, como conta de telefone e luz.
O próximo passo é a elaboração da normativa pelo Conselho
 Monetário Nacional, que deve estabelecer regras para que os bancos usem
 a ferramenta. (com Bloomberg).
Fonte: IG 
 
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