Quando os filhos saem de casa, a dinâmica da família muda por completo. 
No plano financeiro, a mudança significa menos despesas no orçamento com alimentação, contas de água e luz, seguros
 e outros gastos aleatórios. Essa pode ser a melhor parte do “ninho ter 
ficado vazio” e, para ser bem aproveitada, é importante que a família reorganize suas finanças. Veja 5 dicas sobre a melhor forma de fazê-lo: 
1. Planeje a nova realidade financeira
Realizar um novo planejamento financeiro é importante para que o casal 
pense sobre os planos futuros e não permita que a nova economia seja 
simplesmente destinada a novos gastos. “Quando as pessoas têm filhos, 
elas passam a viver a vida das crianças. Quando eles vão embora, é como 
se elas ganhassem sua vida de volta e, do ponto de vista financeiro, 
esse é um evento muito positivo, que deve ser planejado”, afirma André 
Massaro, educador financeiro. 
Nesse momento, os especialistas recomendam que sejam discutidos os 
planos de consumo do casal, como comprar um carro, fazer viagens e que 
se converse sobre a aposentadoria e a renda mensal que se espera ter 
nessa fase. Definidos os objetivos, fica mais claro o caminho para 
alcançá-los.
2. Reduza gastos desnecessários
Além de reduções de gastos que acontecem naturalmente quando os filhos 
saem de casa, como com alimentação, contas de água e luz, outras 
despesas podem ser reduzidas voluntariamente com as novas condições dos 
pais. 
Segundo Claudio Royo, sócio do site que cota preços de seguros 
Economizenoseguro.com, o seguro do carro, por exemplo, pode ter uma 
redução de 20% a 30% quando os filhos não moram mais em casa. “Quando 
filhos entre 18 e 25 anos moram com os pais, a taxa de seguro tem um 
aumento pela possibilidade do uso do veículo pelo filho”, explica. 
Outro seguro que também pode ser reduzido é o seguro de vida. Neste 
caso, os pais podem optar por reduzir a importância segurada, 
considerando que não é mais necessária a mesma cobertura agora que o 
filho já tem capacidade de se manter financeiramente. “O seguro de vida 
serve para restabelecer a estrutura socioeconômica da pessoa. Se o filho
 é independente, ele pode ficar dentro do seguro como beneficiário, mas o
 segurado pode optar por diminuir a cobertura e assim reduzir o gasto 
com o seguro, já que o preço é proporcional à cobertura”, esclarece 
Royo. 
Mudar-se para um imóvel menor também pode ser interessante nessa nova 
situação. Segundo o consultor financeiro Mauro Calil, a mudança vale a 
pena principalmente se os pais não estiverem em boas condições 
financeiras ou se houver objetivos que exijam uma economia de gastos. 
“Um apartamento menor vai reduzir gastos de limpeza, com diarista. Via 
de regra irá reduzir também o IPTU, dependendo do prédio, e também o 
condomínio, o seguro da casa e por aí vai”, explica. 
André Massaro também comenta que o atual cenário do mercado imobiliário é
 propício para a troca por um imóvel menor. “O mercado imobiliário está 
bastante aquecido para os imóveis maiores, por isso a redução de padrão 
pode ser bem interessante e trazer bons retornos”, avalia. 
Um imóvel menor e com melhor localização pode beneficiar não só as 
finanças, como a qualidade de vida do casal, que pode gastar menos tempo
 para chegar ao trabalho e também pode se sentir melhor em uma casa com 
menos cômodos vazios.
3. Invista parte dos recursos economizados 
Depois de traçar os novos planos financeiros e reduzir os gastos 
adequando-os à nova condição da família, resta estabelecer como o novo 
orçamento, menos apertado, deve ser organizado para atingir todos os 
objetivos. 
Com os filhos fora de casa, nada mais justo que o casal aumentar alguns
 gastos de forma a realizar alguns desejos que antes não eram possíveis,
 como jantares em restaurantes, viagens e compras. Mas Mauro Calil 
recomenda que parte da renda extra obtida seja destinada aos 
investimentos, que devem garantir a manutenção do estilo de vida do 
casal na aposentadoria. 
Segundo ele, o ideal seria que 70% da renda fossem destinados às 
despesas mensais e a todos os gastos que o casal tem no mês e, no 
máximo, 30% sejam destinados aos investimentos. “Mais do que 30% pode 
interferir muito na qualidade de consumo, e é possível que a pessoa se 
sinta infeliz em algum momento”, explica Calil. 
Ele ressalta que se o casal já vinha destinando boa parte da receita 
aos investimentos e já está com a aposentadoria garantida, pode-se 
destinar menos de 30% da renda às aplicações. Conforme explica Calil, 
essa família não precisa se desfazer dos investimentos na renda variável
 e pode ser menos conservadora. 
Já para a família que não construiu patrimônio, o perfil deve ser menos
 arrojado e a parcela da renda destinada aos investimentos deve ser 
maior. “Essa família terá que investir mais em renda fixa, já que ela 
terá menos tempo e menos possibilidades de sofrer prejuízos. Se o casal 
tem 15 anos para se aposentar, ele deve observar o mínimo que deve 
poupar todo mês para alcançar a aposentadoria de forma razoável, e não 
redirecionar a economia do gasto com os filhos para novos gastos”, 
afirma. 
Na faixa dos 40, 50 e até os 60 anos, ainda ainda há um tempo razoável 
para buscar retornos, mas já não há tempo suficiente para se recuperar 
caso todo o patrimônio seja perdido. Por isso, é importante que nesse 
momento o casal monte uma carteira de investimentos que não necessite de
 grandes mudanças. "Uma vantagem dessa fase é que as pessoas não se 
iludem mais facilmente e já se deram conta de que precisam de tempo e 
que dinheiro não cai do céu. Os investimentos demoram a amadurecer, e a 
maturidade é muito favorável para quem estabelece um plano", diz Calil.
Segundo os especialistas, não é possível afirmar com exatidão quais 
aplicações financeiras são as mais adequadas dentro da renda fixa e 
dentro da renda variável. Isto porque a escolha do investimento depende 
dos objetivos da família, dos recursos disponíveis e do perfil de risco.
 “Quanto mais próximo da aposentadoria, mais conservador o casal deve 
ficar, pois ele terá menos tempo para se recuperar de um período ruim no
 mercado. Por outro lado, como o casal já tem mais dinheiro sobrando com
 os filhos fora de casa, ele pode se expor a riscos um pouco maiores, 
mas isso varia de acordo com a renda disponível”, comenta Massaro. 
O casal pode pensar no horizonte dos próximos cinco ou dez anos e 
avaliar se o momento econômico está favorável ou não a investimentos em 
renda variável. Se estiver, a dica é manter ainda parte dos 
investimentos em renda fixa e destinar parte dos recursos à renda 
variável, de acordo com a possibilidade de risco. Se o investimento for 
feito em renda variável, especialistas recomendam que sejam preferidos fundos que mantêm os ativos por mais tempo, que costumam ter melhor performance.
4. Use o novo tempo extra para investir na carreira
Além de ter um alívio financeiro, quando os filhos deixam o ninho, os 
pais ganham também um alívio de tempo. Por isso, o momento é ideal para 
se pensar em investimentos na carreira.André Massaro avalia que alguns pais ficam muito preocupados com os filhos e acabam sendo “relapsos” com a própria aposentadoria enquanto os filhos ainda são dependentes. “Quando eles saem de casa, os pais devem fazer os ajustes necessários para pensar na própria vida profissional, em atividades lucrativas para fazer no tempo extra e que possam ajudar a garantir a aposentadoria”, orienta.
5. Invista na educação financeira dos filhos
O educador financeiro André Massaro também explica que muitos filhos, 
depois de saírem de casa, acabam precisando de um socorro financeiro dos
 pais. “É fundamental que os pais invistam na educação financeira dos filhos para que, de repente, eles não tenham que socorrê-los”, diz.Se os filhos não souberem como organizar sua vida financeira, a saída de casa pode deixá-los ainda mais dependentes do que se estivessem morando com os pais. A orientação financeira, portanto, é parte essencial do projeto de reorganização financeira da família, uma vez que com problemas financeiros, a aparente economia pode trazer mais prejuízos.
Fonte: Exame
 
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