Com o menor rendimento da poupança e a busca por alternativas alguns investidores
 acabam entrando em furadas, seja pela falta de conhecimento sobre os 
novos investimentos ou pela boa “lábia” das instituições financeiras.
A assessoria de investimentos HPN Invest listou as principais 
"armadilhas" com as quais alguns de seus clientes se depararam ao tentar
 buscar investimentos alternativos à poupança em seus bancos. Veja quais
 são elas e saiba como evitá-las:
1) Mostrar a rentabilidade sem descontar a inflação
Algumas instituições mostram as rentabilidades de suas aplicações como 
verdadeiros tesouros. Mas não mostram de fato o que o cliente ganhará em
 valores reais por não descontarem a inflação. Se a inflação for 
superior ao rendimento, este não terá sido suficiente para manter o 
poder de compra do investidor.
Ao considerar a rentabilidade de qualquer investimento é preciso 
descontar a inflação para se obter o ganho real. Em 2012, por exemplo, 
mesmo quem investia na poupança antiga, que rende 0,5% mais a Taxa 
Referencial, teve um rendimento real muito baixo. O rendimento nominal 
da caderneta foi de 6,47%, mas descontada a inflação medida pelo IPCA, o
 investidor ganhou só 0,6% no ano.
2) Omitir a taxa de performance
Em alguns fundos de investimento existe a chamada taxa
 de performance, cobrada quando o fundo alcança um indicador escolhido 
como parâmetro, o chamado benchmark. São exemplos de benchmark a taxa de
 juros CDI e o Ibovespa. Assim, todo o rendimento que excede esse 
parâmetro sofre a taxação. Ocorre que algumas instituições não informam que existe esta taxa ou como ela funciona.
"Alguns bancos têm utilizado o CDI
 como benchmark para a taxa de performance", diz Rodrigo Souza, diretor 
da HPN. Em tempos de juros baixos, com o rendimento do CDI não muito 
acima da poupança, além de alcançar o CDI não ser nada extraordinário, o
 desconto da taxa pode pesar na rentabilidade.
Souza explica que o CDI mensal não tem ido muito além de 0,65% ao mês. 
Por isso, se considerado o desconto do imposto de renda, da inflação e 
da taxa de administração, não é difícil que investimentos atrelados ao 
CDI rendam abaixo da poupança.
3) Não explicar o que é CDI
O CDI é muito usado como parâmetro sobre o rendimento de aplicações de 
renda fixa. Sem saber quanto vale o CDI, muitos clientes não entendem 
qual é a real rentabilidade de determinados investimentos. “O maior 
problema é que alguns clientes quando investem na renda fixa têm a visão
 do antigo rendimento do CDI e acham que vão ganhar 1% ao mês. Mas com 
as quedas dos juros, o CDI está menor”, diz Souza.
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é a taxa praticada nos 
empréstimos feitos entre os bancos. A taxa média diária do CDI é usada 
como referência para o custo do dinheiro (juros), por isso ela varia 
conforme a expectativa de crescimento ou redução da taxa Selic. Sendo 
assim, o CDI pode variar bastante e para pior, como ocorreu no último 
ano. Seu fica bem próximo ao da Selic, e ele pode ser calculado por meio
 da calculadora do cidadão, disponibilizada
4) Promessas de 100% do CDI mais x% 
Não raro, são prometidas rentabilidades de 100% do CDI mais um 
determinado percentual. E muitas instituições realmente entregam ao 
cliente isso. O problema é que na maioria dos casos, o tal "x%" incide 
sobre o CDI e não sobre todo o dinheiro investido.
Como exemplo, uma remuneração de 100% do
 CDI (0,65%) mais 4%, não totalizará fantásticos 4,65% de rentabilidade.
 O que o cliente receberá na verdade será 100% do CDI mais 4% sobre o 
CDI, ou seja, 0,68%. 
5) CDBs Progressivos vendidos como ótima pedida
Os CDBs progressivos, que oferecem uma 
remuneração maior quanto maior o prazo, também são oferecidos como um 
grande espetáculo. O problema é que se por um lado eles oferecem uma 
rentabilidade maior no longo prazo, por outro lado, a remuneração fica 
bem menor quando se resgata o dinheiro ainda no início da aplicação, 
como se fosse uma penalidade. 
Esse tipo de CDB, em bancos grandes, costuma remunerar o valor aplicado a
 85% ou 90% do CDI e só atinge a remuneração de 100% do CDI após dois 
anos - isso quando alcançam essa remuneração -, o que dificilmente ocorre em grandes bancos se o investimento não for vultoso.
 Alguns bancos médios, como o Ficsa e o Sofisa, por exemplo, oferecem 
CDBs que pagam mais de 100% do CDI para qualquer quantia e em prazos 
menores que dois anos. O investimento nos papéis ocorre via internet, 
pelas plataformas CDB Direto e Sofisa Direto, respectivamente.
6) Venda casada
A venda casada ocorre quando a 
instituição vincula a venda de um produto à compra de outro. Segundo o 
Código de Defesa do Consumidor, essa prática é proibida, mas isso não 
tem impedido que alguns bancos condicionem a concessão de um empréstimo 
ou financiamento à compra de um título de capitalização ou seguro, por 
exemplo. 
Com os investimentos acontece a mesma coisa e a situação clássica, 
segundo o diretor da HPN, ocorre com o CDB. “Como o gerente consegue 
negociar a rentabilidade do CDB, que é um produto do banco, ele 
argumenta que se o cliente comprar um título de capitalização, ou 
seguros de vida e residência, ele pode conseguir uma rentabilidade maior
 para o CDB”, explica.
7) Empurrar CDB
O CDB pode ser uma aplicação vantajosa dependendo da sua remuneração, 
do prazo de investimento e da quantia aplicada. Mas, muitas vezes outras
 aplicações podem valer mais a pena, sobretudo se o referencial forem os
 CDBs de bancos grandes.
Os recursos captados com os CDBs são 
usados pelos bancos para empréstimos aos clientes. Eles pagam menos de 
1% ao cliente pelo investimento no CDB e cobram taxas maiores, como 3% 
ou 4% em empréstimos. Por ser uma forma barata de o banco captar 
dinheiro, poucas vezes as instituições financeiras oferecem outras 
aplicações. 
O diretor da HPN também lembra a existência das LCIs, que funcionam como CDBs, mas são isentas de imposto de renda.
 “O banco não oferece LCI porque o dinheiro captado não vai para a 
carteira de crédito do banco, vai para operações de crédito imobiliário.
 Mas, como as LCIs são isentas de imposto, elas são mais rentáveis em 
muitos casos”. 
8)  Dizer que instituições menores não têm garantia do FGC
 Produtos com garantia do Fundo 
Garantidor de Crédito (FGC), como a poupança, o CDB e a LCI, têm a mesma
 garantia, seja a instituição financeira grande ou pequena.
 Em caso de quebra da instituição, o FGC reembolsa os prejuízos até um 
limite de 70.000 reais, por CPF, por instituição financeira. “Ao cotar 
aplicações em bancos, alguns dizem que eles têm a cobertura do FGC e que
 em corretoras independentes não há esta proteção. Entre os produtos com
 cobertura do FGC não há essa distinção, todos têm garantia”, diz 
Rodrigo Souza.
 9) Alegar que os bancos grande sempre entregam a melhor rentabilidade para o CDB
 Nem sempre a aplicação em CDBs diretamente com os bancos que emitem os títulos é a melhor opção, segundo o diretor da HPN.
 Corretoras, assessorias de investimento e gestoras podem conseguir 
negociar taxas maiores para os seus clientes. “Como nós negociamos 
direto com a mesa de operações das instituições financeiras, muitas 
vezes conseguimos uma margem de rentabilidade melhor”, afirma Souza. 
 Ele diz ainda que na HPN, por exemplo, os CDBs remuneram a 98% do CDI, para aplicações iniciais de 1.000 reais, em seis meses. 
 10) Vender título de capitalização como investimento
 Vendidos como investimento, na verdade os Títulos de Capitalização (TC) funcionam mais como um jogo de loteria.
 Por ser um produto que faz parte da cesta de metas de todo gerente de 
banco, ele é empurrado ao cliente com o argumento de que sua remuneração
 é igual à da poupança e ainda dá a chance de o cliente concorrer a 
prêmios. 
 Os TCs vendidos como poupança programada, que prometem a rentabilidade 
da poupança antiga (de 0,5% ao mês mais a TR) não oferecem o rendimento 
sobre todo o dinheiro investido. Apenas a chamada cota de capitalização é
 rentabilizada e o restante é destinado à cota de carregamento (uma 
espécie de taxa de administração) e à cota de sorteio, destinada aos 
prêmios.
 Em um exemplo comum de TCs, apenas 10% 
do valor das três primeiras mensalidades vai para a cota de 
capitalização para ser remunerado por uma taxa de juros. Do quarto ao 
23º mês, 90% do valor da mensalidade vai para a cota de capitalização e,
 do 24º ao 48º mês, 97,98%. 
 Como nos primeiros meses o banco “come” boa parte do investimento e nos
 meses seguintes, apesar de "comer" menos, o valor total não é 
rentabilizado, é impossível que o título renda tanto quanto a poupança 
de fato. Em geral, o máximo que o cliente consegue é reaver seu dinheiro
 sem qualquer rentabilidade, já defasado pela inflação.
 Como se não bastasse, esses produtos têm
 longos período de carência. Em muitos casos, o cliente só recupera o 
seu dinheiro - que poderia ter ficado embaixo do colchão, podendo ser 
tirado a qualquer momento - depois de cinco anos. A única vantagem do 
produto, então, é para o sorteado. Mas, para quem tem sorte, a Mega Sena
 pode pagar um prêmio muito maior.
 Fonte: exame.com.br.
 
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