
Já aprovado na Câmara dos Deputados e em fase final de tramitação,
será votado no senado, neste primeiro semestre de 2013, o Projeto de Lei
4.571/08, que pretende, dentre outras pequenas alterações, limitar as
vendas de meias-entradas para idosos e estudantes a 40% em qualquer
bilheteria.
A medida nasceu após anos de discussão quanto ao impacto gerado pelas
meias-entradas no preço dos ingressos. Acredita-se que sejam elas uma
das responsáveis pelos altos valores aos quais são vendidos eventos
culturais e esportivos no Brasil.
Como em qualquer negócio, empresários do setor estão atrás de margens
de lucro satisfatórias. Para obtê-las, são calculados os custos
envolvidos em cada projeto e estimados o público médio e a quantidade de
meias-entradas vendidas. A partir destes dados, determina-se o preço do
ingresso.
Ora, se o benefício proposto pela meia-entrada é de facilitar o
acesso à cultura, a incorporação deste valor na determinação dos preços
não ajuda em nada a quem tem este direito, já que no Brasil o preço da
meia é uma inteira, e o da inteira é um absurdo.
A nova tese sugere que a fixação de um teto facilitará o controle por
parte dos empresários da quantidade de meias-entradas vendidas, e
permitirá, teoricamente, a redução nos preços dos ingressos.
Ocorre que a saída não é nada interessante do ponto de vista da
disseminação cultural. O estudante, o idoso, beneficiários da
meia-entrada, deveriam ter acesso aos canais de cultura e esporte com
facilidade e sem restrições.
Além disso, os detentores do direito de meia entrada, estimados em
75% do público da bilheteria atual, podem se recusar a pagar inteira
deixando lugares encalhados. Caso isso aconteça, os preços podem
aumentar ao invés de diminuir.
E o benefício não deveria ser restrito apenas ao jovem estudante.
Pode ser que adolescentes fora da escola necessitem muito mais de acesso
à cultura do que os que já a possuem em outras formas.
Da forma como cultura e esporte são vistos no Brasil –como lucro, e
não como educação—mudanças como esta nas leis serão sempre duvidosas, e
os favorecidos, questionáveis.
Fonte: Folhauol.com.br
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