A parte 4 da série NTN-F mostrou como
encontrar a rentabilidade de um título NTN-F a partir de seu preço de
compra. Entretanto, há uma segunda possibilidade de se realizar este
cálculo.
O investidor pode estipular uma
rentabilidade que queira ganhar sobre o título e assim, descobrir qual o
preço máximo estará disposto a pagar pelo título, garantindo a
rentabilidade de escolhida.
Suponha que o investidor queira ter uma
rentabilidade bruta de 12% ao ano em um título de NTN-F. Qual deve ser o
preço do título para que ele garanta esta taxa?
Pelo fato da NTN-F possuir fluxos de
pagamentos semestrais (conhecidos como cupons) há a necessidade de
realizar a taxa retorno, conhecida em finanças como taxa interna de
retorno (TIR) deles, conforme já abordado nos posts anteriores.
Para entender melhor os cálculos, vamos
supor que um investidor esteja avaliando a compra de uma NTNF 010123 (ou
seja, com vencimento em 01/01/2023) no dia 20/05/2013.
De acordo com o Tesouro, em 20/05/2023 esta NTNF possuía taxa de compra de 9,97% ao ano e seu preço era de R$ 1.040,43.
Antes de iniciarmos com os cálculos, é importante entender os que foram feitos anteriormente. Caso não se recorde, veja aqui.
Ou seja, tínhamos o valor de todos os
fluxos (preço do título e valores a serem recebidos). Com eles em mãos
encontrávamos o valor da TIR de cada um destes fluxos. A partir dela,
vinha então a rentabilidade.
Entretanto, agora temos a rentabilidade
mas não o preço de compra. É por isso que vamos utilizar o cálculo
inverso. A partir da rentabilidade (TIR) que o investidor deseja ter,
encontramos o preço máximo de compra do título que o investidor estará
disposto a pagar.
Primeiramente então deve-se transformar a taxa anual de 12% em uma taxa em dias úteis. Veja:
Para transformar a taxa em dias úteis, deve-se elevar a taxa anual a 1/252, já que em um ano há 252 dias úteis.
A taxa de 0,0449818% representa então a taxa interna de retorno diária do investimento.
Como já sabemos,
o valor de cada cupom intermediário (R$48,81) e valor de resgate no
vencimento (R$ 1048,81), basta trazê-los todos a valor presente
utilizando a TIR diária encontrada (0,0449818%).
Mas por que trazer a valor presente? Para entender melhor, leia antes este outro artigo que publicamos.
Ou seja, trazendo os fluxos a valor presente a uma taxa de 0,0449818% indicará o preço de compra do título.
Este cálculo é facilmente realizado em uma planilha de Microsoft Excel (veja nossa calculadora. Já no papel a conta fica um pouco mais trabalhosa. Veja a fórmula:
O valor de cada cupom bruto é de R$48,81.
O valor do último fluxo é R$1048,81. Já a sigla “n.d.u.” indica o
número de dias úteis até o momento de seu respectivo cupom. O “X” indica
o valor que queremos descobrir, ou seja, o valor resultante ao trazer
os fluxos a valor presente.
De acordo com nossa calculadora,
até o 1º Cupom foram 29 dias úteis. Até o 2º Cupom foram 158 dias
úteis. Já o Cupom final, 2417 dias úteis. Veja como fica a fórmula:
Realizando os cálculos – considerando todos os fluxos – encontra-se o preço do título:
Ou seja, caso o investidor queira uma rentabilidade bruta de 12% ao ano, o preço do título não pode ser maior que R$ 930,48.

Agora vamos analisar outro cenário. Suponha que o investidor deseja uma rentabilidade líquida de 11% ao ano. Os cálculos serão basicamente os mesmos.
Novamente, deve-se transformar esta taxa anual em uma taxa em dias úteis. Veja:
Entretanto, agora o valor dos cupons não serão fixos em R$48,81 e nem o cupom final valerá mais R$1048,81.
Já que estamos tratando da rentabilidade
líquida, ou seja, o valor que o investidor vai efetivamente receber,
cada fluxo terá dedução da taxa de custódia, do imposto de renda e, se
houver, da taxa de administração.
Neste post explicamos como realizar o cálculo de cada um deles.
Pela nossa calculadora e inserindo os mesmos dados apresentados na rentabilidade bruta, o investidor terá acesso à todas informações necessárias.
O cálculo do preço pode ser expresso como a soma do valor presente dos fluxos líquidos , ou seja:
O “i” representa agora a TIR líquida em
dias úteis. Já “X” indica o resultado da operação, ou seja, o valor
resultante ao trazer os fluxos a valor presente.
Novamente, com a calculadora em mãos
basta verificar o valor líquido de cada um dos cupons assim como seus
respectivos dias úteis.
Diante dos dados obtidos pela
calculadora, o valor líquido do primeiro cupom é de R$46,07 havendo 29
dias úteis entre a data de compra e o pagamento deste cupom. Já o
segundo cupom, possui valor líquido de R$37,44, sendo que há 158 dias
úteis entre a compra e seu pagamento. Para o último cupom, valor de
R$1037,26 e 2417 dias úteis.
Algebricamente o cálculo fica da seguinte forma:
Este valor pode ser encontrado diretamente pela calculadora.
Os R$845,29 que, apesar de próximo, não representa ainda o preço de
compra máximo para se obter a rentabilidade líquida de 11% ao ano.
Para encontrar o preço, deve-se ainda
considerar a taxa de administração no cálculo. Neste caso, para uma
taxa de 0,5% ao ano, vem:
Agora sim, o preço máximo a ser pago pelo
investidor para que ele tenha uma rentabilidade líquida de 11% ao ano é
de R$841,08. Um preço acima deste fará com que o investidor amargue uma
rentabilidade menor que os 11% líquidos esperados.
Fonte: Folha.uol
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