Diversas análises econômicas foram feitas sobre a questão do 
transporte público em São Paulo. A maioria delas avalia qual deveria ser
 o valor da tarifa caso o valor inicial, de 1994, fosse corrigido pela 
inflação acumulada.
Optamos, então, por fazer uma análise diferente, considerando a 
relação entre o salário mínimo e as tarifas. Para tanto, devemos 
considerar ambas variáveis reais, ou seja, descontadas da inflação.
A medida de inflação escolhida foi o INPC, pois ele abrange
 as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 e 5 
salários-mínimos, cujo chefe é assalariado em sua ocupação principal e 
residente nas áreas urbanas das regiões.
A estrutura do índice de preços era composta de 7 grupos: 1. 
Alimentação e bebidas; 2. Habitação; 3. Artigos de residência; 4. 
Vestuário; 5. Transportes e comunicação; 6. Saúde e cuidados pessoais; 
7. Despesas pessoais. A partir de ago. 1999, passou a ser composta de 9 
grupos: 1. Alimentação e bebidas; 2. Habitação; 3. Artigos de 
residência; 4. Vestuário; 5. Transportes; 6. Saúde e cuidados pessoais; 
7. Despesas pessoais; 8. Educação, leitura e papelaria; 9. Comunicação.
Assim, acreditamos que essa seja a inflação que, de fato, incide sobre a maioria dos usuários de transporte público.
Da análise do gráfico apresentado no início, percebe-se que, ano a 
ano, em geral, as tarifas crescem mais, percentualmente, do que o 
salário mínimo. Em todo o período, a variação de 1994 a 2013 dos
 salários foi de 161,41%, enquanto a variação da tarifa real de metrô 
foi de 240,25% e a de ônibus foi de 308,29%.
Outro indicador interessante é analisar a relação entre as tarifas 
reais e o salário mínimo real ao longo do tempo. Intuitivamente, quando 
maior essa relação, pior a situação do trabalhador que utiliza 
transporte público.
Como se observa, a tendência para o período é de alta dessa 
relação. Vale destacar que, em 2013, ela atinge seu valor máximo. Tanto 
para o metrô quando para o ônibus, essa relação é de  0,0046984 
atualmente.
Queremos destacar, nessa análise, que o comprometimento do salário do
 trabalhador tem sido maior a cada ano, o que fere, fundamentalmente, 
seu direito de ir e vir.
Mais do que uma ciência, a economia é uma ciência humana, e, como 
tal, deve levar em consideração os direitos dos seres humanos, 
fundamentalmente.
Basicamente, o papel de todo governo democrático é assegurar o 
direito dos cidadãos à saúde, educação, segurança, emprego e suas 
liberdades, como, por exemplo, a de locomoção.
Estaria o governo assegurando esses direitos?
A isenção de PIS e Cofins e redução do ISS de 2,5% para 2% beiram a 
insignificância, pois diminuiriam em 4,15% os encargos das empresas. O 
subsídio de R$1,5 bilhão às passagens tem se mostrado insuficiente. É 
hora de redirecionar o orçamento. Mais sobre isso em posts  futuros.
Fonte: folha.uol.com.br 
 


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